Correndo Descalço

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Conheça também o site sobre Corrida Descalça:
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sábado, dezembro 15, 2012

Retrospectiva 2012

Durante o ano atualizei muito pouco este blog. Apenas um post sobre a Maratona Linha Verde e o Dia Internacional da Corrida Descalça. Resolvi então fazer um post com a retrospectiva do ano. Se eu tivesse postado durante o ano os posts mais recentes apareceriam mais acima na página. Para manter esta disposição esta retrospectiva será na ordem cronológica inversa. Não irei relatar todas as provas mas apenas os fatos mais marcantes. Vamos lá!

São Silvestre - 31/12 - 15km

Para fechar o ano procuro corredores descalços que irão correr a São Silvestre, por favor entrem em contato.

Volta da Pampulha - 09/12 - 18,65km

Uma divulgação sensacional da corrida descalça aconteceu na Volta da Pampulha. A Rede Globo fez uma matéria muito positiva sobre o esporte. A matéria completa foi exibida no sábado 08/12/2012 no Globo Esporte MG e no Tá Na Área do SporTV. Versões editadas da matéria foram exibidas em diversos Estados do Brasil e para as parabólicas de sinal aberto. Clique na imagem abaixo para ir a página da matéria no SporTV:

Na Volta também tive a honra de receber uma das pioneiras deste novo movimento da corrida descalça no país. Do meu conhecimento ela é a segunda corredora descalça em atividade, trata-se da Maria Lúcia de São José do Rio Preto/SP.

Corrida Saúde do Homem - 18/11 - 10,2km

Participei e fiz uma boa prova chegando em 15º de 60 participantes na faixa 40 a 49 anos. Mas o destaque foi o Sebastião Vargas, um corredor descalço que conheci na Corrida da Assembleia Legislativa. Ele foi o 2º colocado na faixa etária 50 a 59 anos. Completando os 10,2km no ótimo tempo de 41:55.

Corrida da Assembleia Legislativa - 21/10 - 5km

O destaque desta prova foi a proporção de descalços para concluintes. Além das figurinhas carimbadas: Eu, Roger e Cátia, esteve presente o João da Cruz, um corredor que mistura tênis baixinho com descalço mas esteve nesta descalço. Também conheci o Sebastião Vargas que cite na prova acima. Ele corre muito! Em suma, um recorde na proporcão de descalços: 5 em 298 concluintes.

Maratona do Rio - 08/07 - 42195m

Mais uma maratona "hackeada" com o Método Gallowalk. Foram 3h 28m 17s debaixo de muita chuva no Rio de Janeiro. Mas fisicamente o saldo foi negativo. Voltei muito cansado e com dores no pé esquerdo semelhantes a do Neuroma de Morton. Só depois de 4 semanas voltei a rodar normalmente.

Circuito Corujão do Esporte - 30/06 - 5km

Excelente prova noturna! Igualei meu recorde pessoal nos 5km: 19:52. O recorde original havia sido conseguido 3 semanas antes. Além disto, foi 0800 pois ganhei a inscrição em um sorteio da Rádio CBN.

Circuito de Corrida ABC - 10/06 - 5km

Circuito de corridas realizado no interior do Estado pelo Grupo ABC. Participei da etapa de Oliveira/MG. Tive a felicidade de estabelecer meu recorde pessoal no 5km com o tempo de 19:52, confirmado três semanas depois no Circuito Corujão.

Dia Internacional da Corrida Descalça - 06/05
Vide post próprio.


Circuito Athenas 1a. etapa - 20/05 - 10km

Corrida Rústica Itatiaiuçu/MG - 18/03 - 10km

Circuito do Sol - 22/01 - 10km

Três provas de 10km do primeiro semestre. Dos top 5 melhores tempos de minha vida, do terceiro ao quinto foram obtidos nestas provas. 41:39 no Circuito Athenas, 41:47 na Rústica de Itatiaiuçu e 41:37 no Circuito do Sol. De fato, em Itatiaiuçu, não corri descalço mas usando uma huarache que eu mesmo fiz usando o solado de uma antiga sandália Goóc. Não quis encarar a estrada de terra cascalhada nem as ruas de paralelepípedos que fazem parte do percurso.

Maratona Linha Verde - 29/04 - 42195m
Vide post próprio.


Golden Four Asics - 01/04 - 21,1km

Etapa de Belo Horizonte do circuito de meias maratonas da Asics. O circuito é focado em promover percursos rápidos e com pelotões de largada por ritmo. Deu certo para mim, estabeleci meu recorde pessoal na meia com 1h 32m 02s.

XXX Volta ao Cristo - 29/01 - 16km

Fui eu lá novamente correr na bela Poços de Caldas/MG. Desta vez fui acompanhado do mestre da corrida descalça e "Senhor de Todos os Pisos": meu amigo Arnoldo. Antes de ir eu pensava fazer os 3 km de estrada de terra cascalhada como no ano passado, ié, "protegido", não com um VFF mas, desta vez, com uma huarache. Mas foi ótimo ter ido com o Arnoldo reconhecer o terreno na véspera da prova. O mestre desmistificou o piso. Na mesma hora, falei para ele que se ali fosse subida eu iria descalço. Depois, na madrugada, pensei que mesmo sendo descida também dava. Fui descalço!!! Pois bem, o trecho do percurso que mais incomodou minhas solas não foi a estrada de terra mas o asfalto choquito que compunha a última descida da prova. Lá eu desci no pau pois já estou acostumado e treinado a correr no choquito, sei que incomoda mas não machuca. Lá na terra era novidade, desci com receio, por não estar habituado. Terminei em 1h 23m 37s. O Arnoldo desceu no pau o trecho de terra, os outros corredores não acreditavam no que viam. Ele terminou em 1h 20m 03s. Copio abaixo o relato da prova feito por ele e colocado em nossa comunidade de corrida descalça no Orkut e no Facebook.

XXX Volta do Cristo.
Fiz um corrida bem técnica: Larguei um pouco acelerado, mas guardando reservas, até o sopé da montanha. Na subida do morro, subi bem devagar até o seu topo (sem caminhar hora nenhuma, viu Cátia?). Depois, na descida, me senti em casa, e, apesar do cascalho da estrada de terra, despingolei morro abaixo, passando vários corredores calçados (que olhavam pra minha cara, pro meu pé e depois pra minha cara novamente...). Até o final da descida (uns 4Km, sei lá...) não fui ultrapassado por ninguém (que o Cristo perdoe a vaidade momentânea desse normalmente tão modesto corredor descalço, mas, sinceramente, foi a melhor parte da corrida... rsrs). Nos últimos Km, já no plano novamente e com reservas escassas, moderei bastante a velocidade pra mode cruzar inteiro a linha de chegada com o tempo bruto de 1 20' 0?".

No mais, A Volta do Cristo é uma corrida sem frescura e sem mimos para os participantes, que inclusive só recebem a camisa se fizerem a volta completa, o que achei muito bacana, pois engrossa a medalha. Tinham participantes de vários estados, todos, com quem conversei, muito simpáticos. Tive, também, o privilégio de desfrutar da companhia de Leonardo Liporati, um grande e apaixonado corredor descalço, que inspira tanta gente (inclusive a mim) grande companheiro, com quem fui de carona de BH, e ficamos no hotel bolando estratégia de corrida e sinuca...rsrs

Poços é um cidade linda, arborizada, e seu povo bem receptivo. Lembrei muito de meu irmão, que passou os últimos dias de sua vida nesse lugar e, apesar da nostalgia, fiquei feliz que a cidade fosse ele.

quinta-feira, dezembro 13, 2012

O que não lhe contaram sobre a Corrida Descalça

Segue texto que escrevi, no final de outubro, para o site CorreBH

O QUE NÃO LHE CONTARAM SOBRE A CORRIDA DESCALÇA
Recentemente a corrida descalça tem recebido alguma atenção da mídia especializada. Sendo assim, talvez você já tenha visto ou lido algo a respeito. Acontece que muitos destes textos trazem a opinião de “especialistas” que NUNCA correram descalços! Pode ser que o que você irá ler a seguir o deixe chocado. Pode também contrapor tudo o que você já viu sobre corrida descalça. O motivo é que sou um corredor descalço com 7 anos e meio de experiência na modalidade. Descalço para mim significa SEM CALÇADOS. Parece óbvio mas, como nos últimos tempos surgiram vários calçados “descalços” (tênis, sapatilhas, sandálias, …), quero deixar isto bem definido.

Primeiramente eu lhe faria a pergunta: “Qual é seu objetivo em correr descalço?”
Se você é um daqueles corredores veteranos, acostumado a treinar com dores, e ouviu dizer que correr descalço (ou com calçados minimalistas) é uma panacéia para te livrar das lesões da noite para o dia, tenha certeza que lhe enganaram! Correr descalço tem pouco a ver com correr mais rápido, mais competitivamente, sem prestar atenção a seu corpo, passando por cima da dor sem se preocupar com a corrida de amanhã. Correr descalço tem muito a ver com escutar seu próprio organismo, ter uma consciência corporal plena, saber que ao final do treino você estará melhor para o treino de amanhã e para continuar correndo por toda a vida.
Entretanto correr descalço é difícil. Infelizmente, em nossa sociedade imediatista, as pessoas tomam ruim como sinônimo de difícil. Elas desejam resultados rápidos, não tem paciência para trilhar o caminho, querem encontrar atalhos. A corrida descalça exige paciência e determinação. “Mas a corrida descalça não é a forma natural de correr? Onde está a dificuldade?” - você perguntará.
Para começar, vivemos em uma sociedade que aprisiona os pés das crianças desde os primeiros meses de vida. Já ouvi muitos dizerem: “tenho um pé de moça por isto não posso correr descalço!” Ter um pé de moça, seja você do sexo masculino ou feminino, significa que seu pé desenvolveu uma sensibilidade exagerada! E como poderia ser diferente? Ele quase nunca vê a luz do sol, ele nunca sentiu texturas diferentes, ele só conhece a sensação de viver num lugar escuro, úmido e repleto de fungos e bactérias: o interior de seus calçados. Ele está supersensível em busca de novas sensações!
“Então basta dessensibilizá-lo, no popular engrossar as solas, para eu correr descalço” - dirá você. Outro engano. A menos você tenha passado toda a infância e adolescência praticamente descalço, não existe um caminho curto para a corrida descalça. Se migrar para a corrida descalça fosse fácil e rápido acho que veríamos muito mais corredores assim nas provas. Evoluir nesta modalidade é um processo lento e gradual.
Você rebaterá: “Mas basta usar um calçado minimalista e fazer a transição para a corrida descalça!” Digo que esqueça os que os vendedores lhe contaram. É exatamente o contrário. A corrida descalça é que representa a transição dos tênis para os minimalistas. Nosso corpo possui terminações nervosas para tato, pressão, temperatura, dor, propriocepção e outras sensações. As existentes em nossos pés são importantes para nos ensinar como correr de uma forma mais suave e que minimize dores e lesões. Anular estas terminações nervosas, com calçados ou medicamentos (drogas), é emudecer o melhor treinador que possuímos em nós mesmos! Além disto, não é só a pele que está supersensível. A corrida descalça modifica a forma de correr. Serão exercitados músculos, tendões, ligamentos e ossos de forma diferente. Estas estruturas precisam de bastante tempo para se adaptarem. E, quanto aos calçados, lembre-se que correr de uma forma melhor não pode ser comprado, mas pode ser treinado. Ninguém se torna um melhor pianista ao comprar o melhor piano. Seus pés deveriam ter aprendido a correr faz anos, lá na sua infância, infelizmente foram privados disto. É preciso “começar do príncipio”. Fique descalço para (re)aprender a forma de correr, treine assim para correr melhor, só depois use o “instrumento” calçado minimalista em seu benefício e quando julgar necessário.
Novamente você poderá contestar: “Você fala em minimizar a dor... correr descalço é muito dolorido, vocês são verdadeiros masoquistas!” Bem, parei de correr usando tênis devido as intermináveis dores na canela, mudei para a corrida descalça pois esta é sem dor! Seus treinadores (as terminações nervosas) lhe ensinam a correr com mais delicadeza ou lhe dizem quando é hora de parar ou quando o piso é muito agressivo para sua habilidade atual. Você tem que respeitá-los! A primeira medida é não bloquear a função deles com calçados. A segunda é não bloqueá-los com medicamentos para tirar a dor. Minha filosofia é: se dói está errado ou você está exagerando. Assim, corro descalço porque não dói!
“Não dói? Kkkk, as ruas estão cheias de pregos e cacos de vidro pisa em um para você ver!” - você retrucará. Este é um temor exagerado por parte dos corredores calçados. Nas ruas, os cacos e os pregos não são tão comuns como na imaginação das pessoas. Os pregos também tem o costume de ficarem deitados e não em pé. Mas a visão é o mais importante, basta desviar ao se enxergar algo perigoso no chão! Com o tempo a coordenação visão-pés também fica mais aguçada.
Vou encerrar este texto por aqui. Não quis falar sobre as “polêmicas pesquisas”, sobre se descalço é mais ou menos eficiente, sobre a mecânica diferente e coisas do gênero. Estes assuntos são recorrentemente explorados pela mídia. Quis apenas mostrar que correr descalço envolve encarar o esporte “corrida” por uma nova filosofia. Para tirar proveito dela é necessário paciência para evoluir paulatinamente. Calculo em torno de um ano o tempo para se sentir bem nesta (nova) modalidade.
Se tiver mais interesse no tema e/ou quiser saber sobre assuntos que não falei, sugiro assistir o vídeo abaixo e acessar o site http://www.pes-descalcos.org/run, onde podem ser encontrados outros vídeos, links e informações.
A Segunda Clínica de Corrida Descalça de Belo Horizonte