Correndo Descalço

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terça-feira, abril 16, 2013

Roteiro de Filme Terrorista: Maratona da Morte


Com o atentado terrorista na maratona de Boston este texto pode parecer descaso ou humor negro. A intenção não é esta. Esta trama de cinema que descrevo foi pensada muito antes deste atentado. Para entendê-la é preciso, além de algum conhecimento em tecnologia de segurança, ler o hyperlink em inglês que se refere ao concurso idealizado pelo especialista em segurança digital Bruce Schneier, o qual define seu objetivo e contexto.

Pois bem, sou assinante de longa data da newsletter Crypto-Gram do "guru em segurança" Bruce Schneier, bem antes de eu começar a correr, quanto mais correr descalço! O dia é primeiro de abril de 2006, os EUA ainda vivem a paranóia terrorista do 11 de setembro. A economia americana é prejudicada pelo terror. Bruce lança o concurso “Movie-Plot Threat” (leia o conteúdo do link para entender). Apesar do que você possar pensar, o objetivo dos terroristas não é matar gente, é causar terror! O terror muda o comportamento das pessoas. Esta mudança pode produzir efeitos econômicos desastrosos e até causar muito mais mortes que o próprio evento terrorista. Por exemplo, mais funcionários e equipamentos de segurança são deslocados para os aeroportos encarecendo o preço das passagens aéreas. Por medo, muitas pessoas desistem de viajar de avião e vão de carro. Mesmo incluindo a estatística dos ataques terroristas, o transporte aéreo é muito mais seguro que o rodoviário, muito mais mortes por pessoas transportadas são registradas neste último.

Naquela época em 2006, fazia pouco menos de um ano que eu havia começado a correr descalço. Estava empolgado com a modalidade e numa fase de alto proselitismo. Tive a ideia abaixo para um roteiro mas acabei não enviando-a para o concurso. Primeiro pois teria que traduzí-la para o inglês e segundo pois eu mesmo fiquei "com medo" de dar ideia contra um evento que gosto. Com o atentado a Maratona de Boston, o mal está feito. Os terroristas foram ainda mais aterrorizantes do que eu imaginei, o alvo principal não foi os atletas mas os familiares que foram torcer! Segue abaixo o roteiro mas, antes, um aviso.

AVISO: Os comentários deste blog são desativados. Se quiser comentar comente na postagem que fiz no Google+. Não espere resposta. Um diretor não vai a toda sessão de cinema discutir furos e outras mazelas do filme com os espectadores.

ROTEIRO
Nos aeroportos americanos as pessoas já são obrigadas a retirar os calçados nos pontos de controle antes do embarque. Explosivos podem ser escondidos no solado. Uma pequena quantidade de C4 pode abrir um rombo na fuselagem de um jato comercial com consequências desastrosas. Como a segurança dos aeroportos foi aprimorada os terroristas resolveram levar esta tática para outro local: as maratonas.
A Maratona de Nova Iorque é a mais popular do planeta. Milhares de pessoas se aglomeram na largada desta prova. O espesso solado de um tênis de corrida é capar de abrigar um artefato explosivo maior do que o de um sapato social. Assim mais estrago pode ser feito.
Nosso filme mostra sete atletas se preparando para correr a Maratona de Nova Iorque, o que expectador ainda não sabe é que se trata de sete terroristas suicidas. Com seus tênis recheados de C4, os sete se dispõe cientificamente no meio da multidão de corredores que se aglomera para a largada. No momento combinado, dois minutos para o início, eles detonarão os dispositivos simultaneamente! Ao redor de cada suicida, dezenas morrerão e centenas ficarão feridos. A soma pode chegar aos milhares!
Xeque-mate dos terroristas! O esporte mais barato e o principal auxiliar contra a epidemia de obesidade não é mais seguro. Poucas opções restam ao governo. Proibir os eventos de corrida será devastador para o turismo e para a saúde pública. Os índices de obesidade e doenças cardíacas irão se elevar. Outra opção será manter os eventos mas aumentar sua segurança. Tal como nos aeroportos, todos os atletas antes de entrar no curral de largada deverão retirar os tênis para passá-los no detector. Isto encarecerá enormemente os custos de uma prova. Centenas dos caríssimos detectores deverão ser adquiridos ou o evento ficará impraticável devido as gigantescas filas que irão se formar! Por fim, uma outra ideia surge em Washington: proibir o uso de calçados nos eventos de corrida! Já há um incipiente grupo de corredores descalços na América. A experiência deles comprova que esta prática não representa um problema de saúde pública, além disto, nossos antepassados já seguiram esta prática por milhões de anos. O presidente resolve então emendar o Ato Anti-Terror tornando obrigatória a corrida descalça a despeito dos prejuízos da indústria do calçado esportivo.

terça-feira, abril 02, 2013

A aterrissagem dos pés

Segue texto de minha autoria que foi publicado em 01/fevereiro/2013 no site Corrida Natural.
 

A aterrissagem dos pés 

(e minha teoria sobre a dor no topo do pé)

Neste texto vou considerar como natural apenas a mecânica de corrida na qual o antepé (ou mediopé) é a primeira parte a tocar o solo. Vou desconsiderar o estudo que encontrou a pisada iniciando pelo calcanhar em populações descalças. Inclusive tal estudo já foi tema de post anterior do Sérgio Rocha, bem como, já foi tema de post, também dele, entitulado “A tal dor no topo do pé“, para a qual apresentarei minha opinião.

   Pois bem, a mecânica começando com o antepé está tão associada a corrida descalça que esta é descrita, de forma simplista, como correr na ponta dos pés ou correr com a frente dos pés. Tal descrição induz nos iniciantes duas oportunidades para tensão desnecessária nos pés. Primeiro acredita-se que o calcanhar nunca deve repousar no solo. Segundo que devemos aterrissar com os dedos. A primeira induz o corredor a permanecer todo o tempo do contato na região da almofada (bola) dos pés. Isto é um fator de stress para a panturrilha e o tendão de Aquiles. A segunda induz o corredor a apontar os dedos em direção ao chão antes do contato. Está errado. As dedos ficam naturalmente curvados para cima antes e no início do contato com o solo e, assim como o calcanhar, devem repousar no momento posterior. Apontar os dedos para baixo vai produzir bolhas e,  acredito, pode até mesmo quebrá-los! Por outro lado, não deixá-los  tocar o chão depois da aterrissagem, vai criar tensão desnecessária na musculatura extensora e/ou flexora dos dedos.
   No livro “Barefoot Running Step by Step”, Ken Bob Saxton dá uma grande ênfase a aterrissagem dos pés. Ela se inicia pela almofada, com os dedos curvados para cima. A seguir o calcanhar toca o solo quase simultaneamente com os dedos. É a sequência almofada/calcanhar/dedos (sequência 1-2-3). Usando-a você evita o que Ken Bob chama de “efeito ventosa”. O que seria este efeito? Bem, o arco do pé funciona como uma mola e é achatado ao suportar o peso do corpo. Se você aterrissasse com os dedos e calcanhar primeiro, o arco, ao ser achatado, iria empurrar os dedos para frente e o calcanhar para trás provocando fricção na pele dos mesmos e levando a bolhas.
   Ken Bob não sabe dizer se curvar os dedos para cima é algo natural, mas que pode ser instintivo. De fato, ele não deu tanta importância a este detalhe da técnica até a sua décima-nona maratona. Na oportunidade, devido a fadiga, o “instinto” não estava funcionando e bolhas começaram a surgir nos dedos. Aí ele “aprendeu” a levantá-los conscientemente e evitou a formação das bolhas.
   Indo além do guru, minha opinião é que este movimento é natural sim e está além de uma resposta apenas instintiva. Penso desta maneira, pois nunca me atentei para este detalhe da técnica até ler o livro do Ken Bob no final de 2011. Também, como disse em post anterior, não gosto de correr mentalizando a técnica e nunca corri pensando neste detalhe. No entanto, quando vejo fotos minhas anteriores (e posteriores) a esta data, me observo realizando o movimento de levantar os dedos (veja aqui). Mesmo usando uma huarache bem fininha, me vejo fazendo este movimento, como no final deste vídeo.

   Bem, aqui vem minha teoria sobre a dor no topo dos pés. Não fiz nenhum estudo, é só minha percepção e baseada nos relatos de que descalços, e usuários de huarache, quase não apresentam tal dor mas que ela é relativamente comum em quem inicia usando VFF e outros minimalistas fechados. De fato seria falta de fortalecimento da musculatura extensora intrínseca e extrínseca dos dedos. Como considerei o movimento de curvar os dedos para cima como natural, descalços, usuários de huarache e usuários de tênis minimalista tentarão realizá-lo durante a corrida. Em quem usa huarache ou está descalço, tal movimento será realizado sem resistência. Por outro lado, no VFF ou nos tênis minimalistas o cabedal destes promoverá uma resistência ao movimento dos dedos, ou seja, será necessário maior força da musculatura extensora do dedos.
E você? Qual a sua experiência?